quarta-feira, 23 de maio de 2012
Amavisse
Como se te perdesse, assim te quero.
Como se não te visse (favas douradas
Sob um amarelo) assim te apreendo brusco
Inamovível, e te respiro inteiro
Um arco-íris de ar em águas profundas.
Como se tudo o mais me permitisses,
A mim me fotografo nuns portões de ferro
Ocres, altos, e eu mesma diluída e mínima
No dissoluto de toda despedida.
Como se te perdesse nos trens, nas estações
Ou contornando um círculo de águas
Removente ave, assim te somo a mim:
De redes e de anseios inundada.
(II)
* * *
Descansa.
O Homem já se fez
O escuro cego raivoso animal
Que pretendias.
(Via Vazia - VIII)
Hilda Hilst
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2 comentários:
Que lindo! Não conhecia e fiquei encantada com a riqueza e a sensibilidade dos versos.
Bjs.
Simplesmente belo!Pura poesia e sensibilidade.
Amei.Parabéns pelo Post.Deste-me asas para voar.
Bjs Eloah
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