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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Quem você pensa que é?


Quem você pensa que é?
perguntou pra mim de queixo em pé...
Sou forte,
fraca,
generosa,
egoísta,
angustiada,
perigosa,
infantil,
astuta,
aflita,
serena,
indecorosa,
inconstante,
persistente,
sensata e corajosa,
como é toda mulher,
poderia ter respondido,
mas não lhe dei essa colher.

(Martha Medeiros)


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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Penso em ti


Penso em ti no silêncio da noite, quando tudo é nada,
E os ruídos que há no silêncio são o próprio silêncio,
Então, sozinho de mim, passageiro parado
De uma viagem em Deus, inutilmente penso em ti.

Todo o passado, em que foste um momento eterno
E como este silêncio de tudo.
Todo o perdido, em que foste o que mais perdi,
É como estes ruídos,
Todo o inútil, em que foste o que não houvera de ser
É como o nada por ser neste silêncio nocturno.

Tenho visto morrer, ou ouvido que morrem,
Quantos amei ou conheci,
Tenho visto não saber mais nada deles de tantos que foram
Comigo, e pouco importa se foi um homem ou uma conversa;
Ou um [...] assustado e mudo,
E o mundo hoje para mim é um cemitério de noite
Branco e negro de campas e [...] e de luar alheio
E é neste sossego absurdo de mim e de tudo que penso em ti.

Álvaro de Campos

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quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

ESTRELA DALVA


Aqui estou eu a te observar,
estrela bonita, estrela primeira.
Te olho bastante sem nunca cansar,
estrela brilhante estrela faceira.
Olhando teu brilho me ponho a sonhar,
estrela elegante, estrela primeira.
Nas tuas entranhas eu quero entrar,
estrela maior, estrela maneira.
Não fosse o tempo que já vi passar,
estrela eterna, estrela primeira.
Com medo eu ficava de te desgastar,
estrela que é minha, estrela certeira.

Marineide Dan (11/01/83)
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quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

MOMENTO FELIZ


Quero que este instante mágico fique para sempre,
que as horas do tempo pare de passar...
Quero te levar comigo, encontrar abrigo pra te desnudar.
Quero que você se cale pra eu poder ouvir o som de seus desejos.
Quero que esse grito mudo não fique calado pra você saber...
Quero acordar dormindo, pra viver sonhando sem adormecer.
Quero te falar baixinho, com muito carinho quero te querer...
Quero que você me pare com um beijo louco a me estremecer.
Quero que este sentimento continue puro,
sem esperar nada, deixe acontecer...

Marineide Dan (05/01/83)
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sábado, 1 de dezembro de 2012

DE REPENTE...

De repente um momento
No momento um encontro
No encontro um olhar
No olhar um sentir
No sentir um gostar
No gostar um querer
No querer um tocar
No tocar um prazer
E sem nada dizer...
E sem nada pensar...
E sem nada pedir...
E sem nada saber...
Se deixar
Se largar
Se esquecer
Se entregar
Se amar pra valer!

Marineide Dan (27/01/83)

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terça-feira, 27 de novembro de 2012

NADA SE PERDE


Eu tenho a esperança que nada se perde.
Tudo alguma coisa gera.
O que parece morto, aduba...
O que parece estático, espera.


Adélia Prado

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quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Árias Pequenas. Para Bandolim


Antes que o mundo acabe, Túlio,
Deita-te e prova
Esse milagre do gosto
Que se fez na minha boca
Enquanto o mundo grita
Belicoso. E ao meu lado
Te fazes árabe, me faço israelita
E nos cobrimos de beijos
E de flores

Antes que o mundo se acabe
Antes que acabe em nós
Nosso desejo.

Hilda Hilst

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quinta-feira, 15 de novembro de 2012

QUALQUER TEMPO


Qualquer tempo é tempo.
A hora mesma da morte
é hora de nascer.

Nenhum tempo é tempo
bastante para a ciência
de ver, rever.

Tempo, contratempo
anulam-se, mas o sonho
resta, de viver.


Carlos Drummond de Andrade,
in 'A Falta que Ama'


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sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Aninha e suas pedras


Não te deixes destruir…
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.

Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.

Faz de tua vida mesquinha
um poema.
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.

Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que têm sede.

( Cora Coralina )

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quarta-feira, 7 de novembro de 2012

TARDE DEMAIS

Quando chegaste enfim, para te ver
Abriu-se a noite em mágico luar;
E pra o som de teus passos conhecer
Pôs-se o silêncio, em volta, a escutar…

Chegaste enfim! Milagre de endoidar!
Viu-se nessa hora o que não pode ser:
Em plena noite, a noite iluminar;
E as pedras do caminho florescer!

Beijando a areia d’oiro dos desertos
Procura-te em vão! Braços abertos,
Pés nus, olhos a rir, a boca em flor!

E há cem anos que eu fui nova e linda!…
E a minha boca morta grita ainda:
“Por que chegaste tarde, Ó meu Amor?!…”

Florbela Espanca - Livro de Soror Saudade


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quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Destino


à ternura pouca 
me vou acostumando 
enquanto me adio 
servente de danos e enganos 

vou perdendo morada 
na súbita lentidão 
de um destino 
que me vai sendo escasso 

conheço a minha morte 
seu lugar esquivo 
seu acontecer disperso 

agora 
que mais 
me poderei vencer?

Mia Couto

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domingo, 21 de outubro de 2012

Rimando a vida


Um abraço
sem laço
sem aço

Um amigo
comigo
abrigo

Um sorriso
conciso
preciso

Uma flor
uma dor
    um amor...



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terça-feira, 16 de outubro de 2012

Manias


«O mundo é velha cena ensanguentada.
Coberta de remendos, picaresca;
A vida é chula farsa assobiada,
Ou selvagem tragédia romanesca.

Eu sei um bom rapaz, - hoje uma ossada -,
Que amava certa dama pedantesca,
Perversíssima, esquálida e chagada,
Mas cheia de jactância, quixotesca.

Aos domingos a déia, já rugosa,
Concedia-lhe o braço, com preguiça,
E o dengue, em atitude receosa,

Na sujeição canina mais submissa,
Levava na tremente mão nervosa,
O livro com que a amante ia ouvir missa»

Cesário Verde


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quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Meu coração não bate

Meu coração já não bate mais ... 
Ele declama a cada segundo o teu nome ... 
Como se fosse a última das poesias... 

Ivair Breu


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segunda-feira, 8 de outubro de 2012

TENHO TE AMADO...


E tenho assim te amado: 
descompassado e exagerado. 
E porque á mim assim tem sido, 
gosto então só sinto ao que te sou. 
Meu mundo,menino, 
por vós tomei e te dou. 

Patty Vicensotti

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quarta-feira, 3 de outubro de 2012

INFINITA


Estou frágil, sensível... loba e faminta
Encantada, entregue...
Estou infinita!

Transbordando cor em dia cinza
Transformando um grão em reino
(...)
A coroa de velhos tempos não perde o brilho
por ventos pequenos...
O amor de antes, ainda é o de sempre
A essência se reencontra
E a vida segue...

E eu,
Eu estou Infinita!
(...)

Carolina Salcides



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domingo, 30 de setembro de 2012

Haikai


A morte desgoverna a vida.
Hoje sou mais velha
que meu pai.

(Helena Kolody)


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sexta-feira, 28 de setembro de 2012

A Dor de Amar


Já foram cantadas em verso e prosa
As incoerências desse tal "amor"...
É um amargo-doce, dor deliciosa,
É tristeza alegre, é frio no calor.

E os sentimentos daquele que ama
Com fervor intenso, com obsessão,
Conforme a ciência já hoje proclama,
São fontes de stress, de flagelação.

Mas como viver sem curtir no peito
Esse stress vibrante e o sofrer de amar,
Delícias de ter um cúmplice perfeito,
Dores e prazeres de compartilhar?

E como ficar nas noites sombrias
Sem sentir na alma a amorosa brisa,
De um abraço amigo pleno de magias,
E do afago amante que nos realiza?

Se amar é sofrer... stress e flagelo...
Hão de preferir nossos corações
O fascínio eterno de um doce libelo
A um destino insosso,  pobre de emoções...

(Oriza Martins)




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terça-feira, 25 de setembro de 2012

Depois é muito distante...


Prepare surpresas. 
Borde delicadezas no tecido às vezes áspero das horas. 
Reinaugure gestos de companheirismo. 
Mas, não deixe para depois. 
Depois é um tempo sempre duvidoso. 
Depois é distante daqui.

Ana Jácomo





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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Destino


à ternura pouca
me vou acostumando
enquanto me adio
servente de danos e enganos

vou perdendo morada
na súbita lentidão
de um destino
que me vai sendo escasso

conheço a minha morte
seu lugar esquivo
seu acontecer disperso

agora
que mais
me poderei vencer?

Mia Couto



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segunda-feira, 17 de setembro de 2012

AS MÃOS


Cinco dedos estendidos no vazio.
Através deles, o sol escoa-se
Como através de uma cortina de fumo,
Ténue e baço,
Incerto e pálido.
No chão desenha-se essa forma
Indecisa e sem substância.

Existir ou não é indiferente.

Se houvesse um relógio,
Talvez ele marcasse o tempo a esgotar-se
Como um coração que bate
Em direcção ao seu fim.

Ao longe, os ruídos
Dos carros que passam,
Apressados, compassados,
Urgentes da raiva que morde
E das mãos que ferem.

Amanhã.
Hoje esse degrau
Está ainda longe demais.

ANA BRILHA,
in A APOLOGIA DO SILÊNCIO
(Ed. Autor, 2012)


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sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Poemas aos Homens do nosso Tempo


Amada vida, minha morte demora.
Dizer que coisa ao homem,
Propor que viagem? Reis, ministros
E todos vós, políticos,
Que palavra além de ouro e treva
Fica em vossos ouvidos?
Além de vossa RAPACIDADE
O que sabeis
Da alma dos homens?
Ouro, conquista, lucro, logro
E os nossos ossos
E o sangue das gentes
E a vida dos homens
Entre os vossos dentes.

 Hilda Hilst


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sábado, 8 de setembro de 2012

Ela Canta, Pobre Ceifeira


Ela canta, pobre ceifeira,
Julgando-se feliz talvez;
Canta, e ceifa, e a sua voz, cheia
De alegre e anônima viuvez,

Ondula como um canto de ave
No ar limpo como um limiar,
E há curvas no enredo suave
Do som que ela tem a cantar.

Ouvi-la alegra e entristece,
Na sua voz há o campo e a lida,
E canta como se tivesse
Mais razões pra cantar que a vida.

Ah, canta, canta sem razão!
O que em mim sente ‘stá pensando.
Derrama no meu coração a tua incerta voz ondeando!

Ah, poder ser tu, sendo eu!
Ter a tua alegre inconsciência,
E a consciência disso! Ó céu!
Ó campo! Ó canção! A ciência

Pesa tanto e a vida é tão breve!
Entrai por mim dentro!
Tornai Minha alma a vossa sombra leve!
Depois, levando-me, passai!

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

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quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Poeminha Amoroso


Este é um poema de amor
tão meigo, tão terno, tão teu...
É uma oferenda aos teus momentos
de luta e de brisa e de céu...
E eu,
quero te servir a poesia
numa concha azul do mar
ou numa cesta de flores do campo.
Talvez tu possas entender o meu amor.
Mas se isso não acontecer,
não importa.
Já está declarado e estampado
nas linhas e entrelinhas
deste pequeno poema,
o verso;
o tão famoso e inesperado verso que
te deixará pasmo, surpreso, perplexo...
eu te amo, perdoa-me, eu te amo...

Cora Coralina




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domingo, 2 de setembro de 2012

LONGE DAQUI


Em sonho lá vou de fugida,
Tão longe daqui, tão longe.
É triste viver tendo a vida,
Tão longe daqui, tão longe.
Mais triste será quem não sofre,
Do amor a prisão sem grades.
No meu coração há um cofre,
Com jóias que são saudades.
Tenho o meu amor para além do rio,
E eu cá deste lado cheiinha de frio.
Tenho o meu amor para além do mar,
E tantos abraços e beijos pra dar.
Ó bem que me dá mil cuidados,
Tão longe daqui, tão longe.
A lua me leva recados,
Tão longe daqui, tão longe.
Quem me dera este céu adiante,
Correndo veloz no vento.
Irás a chegar num instante,
Onde está o meu pensamento.
Tenho o meu amor para além do rio,
E eu cá deste lado cheiinha de frio.
Tenho o meu amor para além do mar,
E tantos abraços e beijos pra dar,
Tenho o meu amor para além do mar


Ernani Correia
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